Estamos nos preparando para retornar a rotina de navegação neste verão. A única certeza até agora é a incerteza.
Por causa do COVID e do trabalho eu quase esqueci o que significa alidade, nadir, marcação, zênite, amuras, etc. Inaceitável ficar tanto tempo sem navegar. Falta sal circulando no sangue e isso reduz a expectativa de vida em vários anos...
O LADY BLUE está passando por um pente fino e várias revisões. A quantidade de detalhes e de coisas a fazer chega a ser assustadora, mas eu tenho um plano: Fazer duas coisas por dia, todos os dias, de segunda a segunda. Eu montei um esquema usando um site online chamado TRELLO. Muito legal. Me permite criar as listas e documentar o andamento das coisas com fotografias, textos e datas. Fica a dica.
Já estou nessa labuta desde que cheguei aqui na Itália em outubro de 2020.
Manter um barco com mais de 20 anos de fabricação é sempre um desafio. Peças, materiais e equipamentos sempre precisam de alguma adaptação. 100% das coisas que quebram estão fora de fabricação e o ajuste é a regra. Meu filho diz que me tornei um "gambiarrista profissional", eu prefiro dizer que sou "muito adaptável".
O pior é a eletrônica. As mudanças nesta área são muito velozes e nem sempre mantém compatibilidade com as versões mais antigas. Uma mudança pode implicar em milhares e milhares de euros de investimento.
Uma das minhas maiores dores de cabeça é o fato do motor começar a fazer muita fumaça. A fumaça veio acompanhada de um cheiro de diesel não queimado e de cor branca. O motor perdeu potência. Os especialistas em motores diesel podem dar suas dicas, mas falei com muita gente e fiz um monte de pesquisa até que resolvi usar um líquido para limpeza dos bicos injetores e da bomba (sem desmontar nada). Agora resta somente 20% da fumaça que o motor soltava antes da limpeza. Ao mergulhar no motor percebi que os parafusos que seguram a bomba injetora não estavam fixados corretamente. Um último ajuste e acredito que o motor esteja pronto para navegar.
Resta ainda fazer a manutenção anual. Limpar o fundo, passar a venenosa, trocar os anodos, trocar óleo, filtros, etc, etc
Fora estas pequenas (gigantescas) dores de cabeça, o resto é só problema administrável mesmo. O corolário de Smith sobre a Lei de Murphy diz que se uma coisa pode dar errado, ela vai dar errado no pior momento possível, causando a maior dor de cabeça possível.
Desta forma, o que resta fazer é simplesmente manter tudo o mais arrumado e revisado de modo a ter um conjunto de coisas que você nunca pensou que daria problema, para lidar com isso quando e se acontecer.
Aos poucos as coisas vão entrando nos eixos. Estamos em abril e a temporada da navegação depende do que vai acontecer com o COVID. Aqui estamos numa ciranda maluca sem saber ao certo se teremos condição de sair de um porto e entrar em outro porto. Nossos planos e os planos das autoridades sanitárias são tão mutáveis que eu ainda não fixei nenhuma rota ou mesmo fiz qualquer pesquisa sobre o assunto.
O estranho é que, no mundo inteiro, as mortes pelo COVID são o centro da atenção. Como se não morresse mais gente de nenhuma outra forma. Todos estão preocupados, mas essa preocupação escode interesses políticos e econômicos. Não sei onde isso vai dar.
Como sempre, navegar é preciso, viver não é preciso. Claro que a precisão tem a ver com a possibilidade e por enquanto estamos navegando na incerteza.
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