Interessante como são as coisas: faz 4 anos que começamos a velejar. Brincando com um laser no Canal de Ilhabela e sonhando com algo maior. Hoje estamos terminando um ciclo: o Flyer e sua tripulação deu a volta pelo Atlântico cruzando-o duas vezes.
Quando compramos o Flyer (CAL 9.2) ele estava preparado para passear entre Ilhabela e Ilha Grande. Não sabíamos ao certo o que colocar nele e nem se ele seria o barco para atender nosso projeto. Claro que também não sabiamos navegar, sem tirar o fato que eu era arrais e um dos mais amadores que eu já conheci.
A ABVC foi uma grande escola, o cruzeiro Costa Leste 2010 foi muito bem organizado e lá fiz amizades que perduram até o presente além de ter conhecido gente que realmente sabe navegar e velejar e que gosta de ensinar.
Nos poucos meses que passamos juntos aprendi muito até que de Fernando de Noronha para frente eu acabei por formar junto com outros veleiros e amigos um flotilha que seguiu para o Caribe. Lugares maravilhosos por onde passamos, muito que aprendemos e a família mais unida que nunca. Meus filhos aprendendo idiomas, geografia e geopolítica, costumes e culturas diferentes e eu percebendo o tamanho de minha ignorância. Percepção que veio chegando aos poucos...
A primeira grande travessia seria de Sint Marteen para Flores (Açores). O Flyer estava preparado para cruzar o oceano e nós também, até que resolvemos zarpar. Foi uma travessia extremamente tranquila. 23 dias de mar onde eu e o Rafael fizemos todos os deveres da escola, mas nós perdemos nosso filho Caio. Ele foi cruzar no veleiro de um amigo que o convidou para compor a tripulação.
Amigos ficaram para trás. Tanto nos Açores como em Portugal continental, mas a vida do navegante é essa mesmo. De lá para Gibraltar, novos e velhos amigos, todos especiais. Tantas descobertas !!!
Claro que nosso guerreiro Flyer ia para todos os lugares sempre levando a tripulação e toda a tralha em segurança e algumas vezes com bastante rapidez.
De Gibraltar voltamos para Portugal para pintura de fundo e pequenos reparos para depois atravessar novamente. A Miriam foi para Canárias de avião para ver de perto o que acabou por se tornar nossa nova casa: O Lady Blue.
O Flyer ainda nos levaria para o Brasil para encerrar este primeiro ciclo da viagem. Então de Portimão partimos para Canárias. Também fizemos grandes amizades por lá e acabei por entender muito melhor o povo Espanhol.
Mas o mundo continua girando !!!
Então resolvemos continuar nosso retorno para o Brasil. Zarpamos com destino a Cabo Verde para uma parada técnica e de lá para Salvador. Em Cabo Verde perdemos dois tripulantes: Minha amada esposa Miriam e meu pequeno Rafael. Ambos vieram de avião para o Brasil para visitar o pai da Miriam que estava bem doentinho. Durante a viagem de Cabo Verde para Salvador o pai da Miriam faleceu. Momento difícil da travessia.
Agora, enquanto escreve estas linhas, estou na véspera de zarpar de Salvador para Ilhabela e me lembrei de que nossa casa sempre estará junto com o vento, mas o Flyer, esse sim um guerreiro incansável está voltando para sua poita em Ilhabela e de lá, como é bem merecido irá para as mãos de um apaixonado por vela que estará apenas começando seu sonho...
Agora, enquanto escreve estas linhas, estou na véspera de zarpar de Salvador para Ilhabela e me lembrei de que nossa casa sempre estará junto com o vento, mas o Flyer, esse sim um guerreiro incansável está voltando para sua poita em Ilhabela e de lá, como é bem merecido irá para as mãos de um apaixonado por vela que estará apenas começando seu sonho...