O arqueiro arqueia o arco e se torna o arco. A flecha uma extensão de seu corpo e uma vez solta se desloca levando consigo a vontade do arqueiro.
Nossa vida ora recheada de realizações ora coberta de frustrações nós mostra que vamos tão longe quanto nossa vontade nos permite. Nos sentimos livres e vivemos todos os momentos de nossa trajetória com a certeza que sabemos para onde vamos e com mais certeza ainda que temos o controle do que se passa conosco.
Agora estamos aqui, dentro de alguns dias estaremos lá. Isso é nossa vontade se manifestando. Hoje eu tenho isso, amanhã eu vou ter aquilo. E centramos nossos pensamentos em fazer e ter. Vida social que nos impõe comportamentos, coisas, lugares. Velejadores são diferentes. Abrem mão de muita coisa e ganham em troca muito mais.
Mas com o tempo e com um pouco de humildade voltamos nosso pensamento para a verdade. Somos como a flecha. Temos a ilusão da escolha, mas o que levamos conosco é nada mais nada menos que a vontade do arqueiro. A flecha não se desvia.
Está na hora de voltar, mesmo que seja uma volta temporária. A hora chegou. O Mar passou a ser nossa pátria, nossa nação, nossa casa. Nele falamos o idioma desconhecido para os que tem raízes em terra. Voltamos para ver nossos entes queridos. Para curar a dor da saudade.
Essa volta representa um momento de reflexão. A flecha lançada não é capaz de voltar, segue sempre em frente, então porque voltamos? Nossa vontade é mais forte que a vontade do arqueiro ?
Não acredito...
Como a flecha que já foi lançada temos que voltar ao mar sem o qual a vida, nossa vida, não será mais possível. Nosso primeiro trecho já foi coberto. Estamos na metade do caminho de nossa primeira etapa. Águas que, de agora em diante, nos levarão de volta para nosso ponto de partida.
A flecha continua sua trajetória. Até onde a flecha vai ?
Não sei.
Como se diz aqui em Natal, tu tá fuderoso!
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