Tripulação
Fabio: Leme, navegação
Miriam: Velas e navegação
Tempo e condições locais
Verão – Nublado– 1012-1015 hpa – 27-43 ºC
Brisa-Fresco. Mar calmo
Local
PARATY até ILHABELA
Saída Paraty: 15/01/2009 às 12:30
Chegada Ilhabela: 18/01/2009 às 14:30
90 milhas navegadas
Horas motorando: 30
Horas velejando: 2 (tinha que ser em Ilhabela...)
Receita
Receita para viver uma aventura. Ingredientes: Coloque uma pitadinha de emoção; Dois bons bocados de desconforto; Uma enormidade de belezas naturais; Acrescente também um povo hospitaleiro e reserve; Deixe crescer ao relento; Despeje uma porção generosa de planejamento; Misture com calma e deixe que a insegurança vá aflorando; Colha a insegurança com a escumadeira; Cozinhe com amor em fogo brando. Rendimento: quantas porções você quiser
A aventura
Entre os dias 15 e 18 de Janeiro de 2009 eu fiz minha primeira viagem como Capitão. No balanço geral meus erros foram menores que meus acertos. Minha esposa Miriam estava comigo e não se abalou pelo fato de eu nunca ter feito sozinho uma viagem como esta. O planejamento é tudo no mar. Pensar tudo nos mínimos detalhes. Claro que quase nada do que você planejou acontece do jeito que você planejou, mas a sensação de segurança que você tem sempre que você pensa em tudo é o melhor consolo... Ter um espírito aventureiro é planejar tudo nos mínimos detalhes para, se possível, fazer tudo completamente diferente...
A aventura é isso!!!
O barquinho: GANNET
Imediatamente lembrei de uma frase comum no pensamento de quem navega:
Senhor, meu barquinho é tão pequeno e seu mar é tão grande !!!
O Paulinho foi o guardião do GANNET. Obrigado. Antes que eu esqueça, Parabéns Manoel, você sabe por que!!!
Minha esposa, parceira, almirante de bordo, etc...
Nestas horas eu preciso fazer uma homenagem a minha amada esposa: Ela entrou na aventura sem nem piscar os olhos, simplesmente embarcou e encarou o mar e as incertezas.
Registro: Saímos de Paraty (Marinha 188) as 12:30. Incrível a quantidade de expectativa desta primeira viagem. Eu sabia que o ponto mais complicado da travessia seria a passagem pela ponta da Juatinga. Desta forma fiz o planejamento de modo a que o primeiro pernoite fosse feito antes da passagem para que a mesma ocorresse cedo, bem cedo, quando as condições de mar e vento são mais adequadas.
Estranho é que escolhi parar em POUSO porque apresentava uma pequena âncora na carta náutica indicando condições de ancoragem satisfatórias. Encontramos pessoas de boa índole, gente da terra, dispostos a ajudar em todas as ocasiões. Vale à pena conhecer.
Observe aquela cerca branca na praia: atrás dela, no bar do Marcinho, foi nosso primeiro pernoite e diga-se de passagem um pernoite delicioso...
Conhecemos também o Adriano e o Gustavo. O Adriano tem uma casa em Pouso e nos convidou para um delicioso arroz com feijão e lula. O Gustavo fez o arroz com feijão (fogão a lenha e tudo) e a Miriam fez a lula a “La Miroko”.
Saímos cedo de Pouso...
A surpresa foi encontrar a Juatinga tão tranqüila que eu conferi algumas vezes para saber se estávamos no lugar certo. A carta e o GPS não mentiam, estávamos mesmo na Lagoa da Juatinga.
De repente o jantar. O primeiro aviso foi um bonito que eu quase consegui jogar para dentro. Na última hora o bicho resolveu que não seria nosso jantar e se foi. Netuno resolveu que, mesmo sem muito merecimento, nós teríamos um jantar e nos enviou um dourado. Desta vez muito mais que satisfatório para nós. Obrigado.
E a ponta negra não é tão negra assim. E o EOLO não queria saber de trabalho. O único vento que sentíamos era o vento que nosso motor de popa era capaz de produzir.
Finalmente chegamos a Ilha de Prumirim...
Recepção de primeira qualidade. O Célio preparou o dourado e comemos com uma cervejinha gelada. Um banquete dos deuses...
O jeito foi armar a barraca, a noite seria muito bem dormida, a segunda...
Não deu vontade de ir embora, mas precisávamos prosseguir. Então logo cedo zarpamos novamente. O destino era ilha Anchieta...
No meio do caminho achamos tempo ruim. Deu tempo para localizar abrigo, claro que depois de tomar muita chuva, mas a única foto que tiramos foi esta, depois disso só pancadaria e correria. Tivemos, inclusive que dormir no barco e o fizemos após amarrá-lo fortemente a uma poita na praia da Fortaleza. Lugar lindo que voltaremos em breve para conhecer melhor.
Depois de uma noite mal dormida um dia maravilhoso. E nosso destino era Ilhabela. Tudo movido a motor de popa, porque o vento não deu as caras.
Na medida que nos aproximávamos de Ilhabela era possível perceber a mudança de mar e vento. Não é a toa que é chamada de Capital da Vela. Você sempre vai encontrar algum vento em Ilhabela, e o EOLO veio exatamente para nos dar as boas vindas. Aquele Leste gostoso de uns 10 nós... Uma delícia de velejada para terminar a viagem.
Lugares conhecidos, cheiro de chegada. Estamos chegando na Marina Azimute. O novo lar do GANNET. A melancolia de terminar uma viagem associada com a felicidade da chegada em segurança são sentimentos antagônicos que só os que se lançam ao mar podem vivenciar. A certeza que resta é que em breve sairemos novamente para outra viagem. Desta vez ao redor da Ilha mais bela do litoral brasileiro.